'Tudo que consegui foi por mérito', diz ex-mulher de Bolsonaro

Ana Cristina Valle diz que ela e seus parentes não foram contratados por sua relação com o deputado

A ex mulher de Jair Bolsonaro Ana Cristina Valle no gabinete do vereador de Resende Renan Marassi (PPS), onde trabalha - Custódio Coimbra / Agência O Globo

RESENDE - A ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle, recebeu O GLOBO na última segunda-feira na Câmara Municipal de Resende, onde trabalha como chefe de gabinete do vereador Renan Marassi (PPS). Ela respondeu a perguntas sobre o fato de ela, seu pai e sua irmã terem sido, nos últimos 20 anos, contratados nos gabinetes de Jair Bolsonaro ou no de um de seus filhos, o deputado estadual Flávio Bolsonaro e o vereador no Rio Carlos Bolsonaro, todos do PSC, conforme O GLOBO mostrou em reportagem neste domingo.

Ana Cristina confirma que ela, seu pai e sua irmã já foram contratados em gabinetes da família Bolsonaro, mas nega que isso tenha relação com o filho que ela tem com o deputado federal.

A senhora já trabalhou em gabinetes de parentes do deputado Jair Bolsonaro?
Tem 21 anos que trabalho com política. Trabalhei na Câmara (dos Deputados), em gabinetes de deputados, em lideranças partidárias, no Ministério da Integração, na Casa Civil, na Câmara Municipal (do Rio)... Sou advogada, foi sempre pelo meu mérito, nunca foi o Jair que conseguiu (emprego) para mim. E, sim, já trabalhei, já fiz a campanha dos filhos dele também. Já participei de 16 campanhas políticas na vida. Trabalhei no gabinete do Carlos, na Câmara (do Rio). Na época não era nepotismo, foi antes da Lei do Nepotismo (a Súmula Vinculante nº 13, do STF). Depois da lei, não trabalhei mais.

A senhora deixou o gabinete por causa da mudança na lei?
Não, foi antes. Eu me afastei logo depois do nosso rompimento (casamento com Jair). Eu já advogava, tive que sair, fiquei só advogando. Acho que foi em 2006, mais ou menos por aí.

Algum dos empregos que teve foi por indicação do deputado Jair?
Se tem uma coisa que ele preza demais é o não nepotismo. Ele nunca pediu um emprego para mim, nunca. Prova disso é que, ao voltar para o Brasil (depois de morar na Noruega), eu não tinha onde trabalhar. Fiquei dois anos desempregada. Só depois que trabalhei na campanha do (vereador) Renan Marassi, por indicação do meu irmão, amigo de faculdade do vereador.

Sua irmã e seu pai trabalharam em gabinetes dos Bolsonaro. Foi por sua relação com Jair?
Não tem (relação). Eles trabalharam na campanha, eu trabalhei em campanhas do Carlos, do Flávio. Depois, se o político se elege, é natural que tenha uma pessoa de confiança em sua base eleitoral.

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